Estive em contacto, este fim de semana, com uma realidade diferente da minha. Lidei com miúdos de 17 e 18 anos, que deveriam estar no 12°ano, mas que estão no 9°ano, incapazes de articular uma ideia ou uma frase sem nenhum palavrão e de uma forma gratuita, com discursos musculados ( "parto-os todos" ou "dou cabo dele"), perdendo a cabeça em segundos e recorrendo à violência, como única forma de resolver qualquer situação...
São miúdos a quem a escola nada diz. "Preciso da escola para quê? Não preciso da escola para nada, caralho."
São miúdos, digo eu do alto da minha arrogância de quem vive numa bolha com mais sorte, sem grandes perspetivas de futuro.
Ao lidar com eles, só me ocorriam três coisas. Primeiro, reconheci a sorte que tenho por ter filhos como os meus, que longe de serem perfeitos, sabem estar. Tudo na vida é relativo...
De seguida, também reconheci a sorte que tenho em ser professora num contexto privilegiado, onde os alunos questionam, trabalham muito e dão valor à educação.
Por último, uma dúvida: o que faltou a estes miúdos?
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