Dos livros
Fui hoje devolver uns livros (que não cheguei a ler) à biblioteca. Estavam na minha posse há mais de 30 dias.
Não os li porque recebi, como sabem, um kobo. É mais prático, mais leve, permite a leitura no escuro ou aumentar / diminuir o tamanho da letra e etc. Tenho quase a certeza que não voltarei à biblioteca nos próximos tempos. Terá sido a última vez? Talvez, talvez... Sinto que tenho uma biblioteca no aparelho e que não preciso de recorrer a mais nenhuma.
Há quem diga que não há nada como o cheiro do livro ou como a magia de folheá-lo ou como a contemplação da capa ou como o sublinhar de muitas frases ou como ele pode ser um elemento central da decoração de casa. Eu era uma dessas pessoas, mas o kobo fez-me ver as coisas de forma diferente.
Passei a desvalorizar o cheiro do livro (que cheiro, senhores, afinal ?) e a valorizar cheiros mesmo bons como o de um perfume ou de um vinho.
Passei a desvalorizar o acto de sublinhar o livro, até porque me obrigava a fazer uma pausa na leitura para ir à procura do lápis! Agora, basta pressionar o dedo no ecran e também sublinha o que me interessa, guardando as frases destacadas no fim do livro.
De repente, olho para a minha estante de livros e penso que podia ficar apenas com os Saramagos, os Alegres, os Peixotos, os Veríssimos e mais 2 ou 3. Ganhava tanto espaço e de facto, os livros parados numa estante são um desperdício. Para que servem? Sou uma pessoa que gosta de ter pouca coisa a encher espaço e que não se liga emocionalmente aos objetos. Ponho tudo fora.
A capa do livro será talvez a coisa que mais me falta num kobo, já que o ecran é a preto e branco. Mas isso é uma coisa miníma comparada com todas as possibilidades do e-reader.
Estou rendida. Tenho já mais de 70 livros guardados para ler. Parece uma plataforma de streaming, mas com livros, onde perco muito tempo a escolher o que vou ler e a armazenar ficheiros epub.
Para ser franca, acho que não voltarei a ler um livro físico nos próximos tempos. E não digo "nunca" porque aos 44 anos, uma pessoa sabe que não pode dizer "nunca"...
(Foto tirada hoje na biblioteca. Apesar do discurso, sei que terei saudades de passar pelos corredores e de falar com o funcionário que até sabe o meu nome...)
Comentários
Estou tão nesse dilema e (ainda) não tenho Kobo, mas o espaço começa a escassear e os livros em papel também são mais caros…
O meu futuro passará por aqui também. Mas ir à biblioteca é um prazer tão grande... ai...