Aguardente? Ouvi perfeitamente!
A Mary QA fez um post sobre o mal da idade e os óculos. Parafraseando o José Severino, eu é mais ouvidos. Estou cada vez mais surda. Não oiço o que se diz. É uma cena que limita muito, sobretudo quando se é professora com alunos que ainda usam máscaras. Ainda mais quando se leciona uma língua estrangeira e as pronúncias são por vezes incompreensíveis para todos. Pensendo bem, é capaz ser bom não ouvir coisas tão agressivas para os meus ouvidos.
É limitativo também em casa quando eles dizem coisas, peço para repetirem e tenho como resposta "não é nada. Esquece!" ou "ó mãe, tens de ir ao médico ". Esta última faz-me revirar olhos, mas a primeira, ai senhoras, enerva-me e faz-me passar.
É limitativo em certas reuniões de trabalho. Para não dares a parte fraca, acenas com a cabeça e sorris (com os olhos), mesmo se estão à espera de uma resposta mais objetiva ou concreta. Dou aquele ar entre o distraído e o burro, nada a fazer.
É limitativo num jantar com amigos, onde todos se riam da piada e tu, enfim, dás a entender que tens 0 sentido de humor.
É limitativo quando vês filmes ou séries portuguesas. Ah, esperem, sempre foi difícil por causa da péssima sonoplastia.
É limitativo quando queres saber o que aconteceu à Floribela do pavilhão 2 e te contam super baixo para mais ninguém ouvir... nem tu portanto. Tantas cusquices desperdiçadas!
É limitativo na cama. Está o pai de casa a sussurrar coisas ao ouvido e como respota, obtém um "hein? Não percebi!". Ya, corta qualquer clima.
É tão limitativo que já fui fazer um audiograma e estou com menos 20% de audição nos dois ouvidos. Mouca, portanto. Já desmarquei duas consultas no otorrino para me dizer o que há a fazer porque ja sei, quase, ao que vou. Entre um aparelho daqueles que é preciso vender um rim para o ter e que acaba invariavelmente na gaveta da mesa de cabeceira e o continuar assim, com 80% das capacidades auditivas, opto por esta.
É o que é, como diria a Ana.
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