Aqui e agora
Estou à porta da zona de oncologia, à espera que a minha amiga acabe mais uma sessão de quimio.
Enquanto espero por ela no carro, leio "Filho da Mãe ". No romance, a mãe morreu de cancro quando o narrador tinha 8 anos...
Levanto os olhos do livro e vejo mulheres sem cabelo, umas com lenço e outras não. Umas terão filhos de 8 anos, outras não.
Mergulho no livro, com um aperto no peito e um nó na garganta, com receio que um dia seja eu também a passar por isso.
Sei que vai soar a cliché, mas desde que acompanho de perto alguém muito doente, dou por mim a pensar que aquelas pequenas merdices do dia a dia são mesmo isso: merdices sem importância. Tento não dar valor ao supérfluo: aos boss do trabalho que enfim, ao trabalho que te pedem e nem sempre faz sentido, aos quilos ganhos; merdices...
Comentários
Já não ponho os pés num serviço desses há mais de um ano - um luxo, tenho tanta consciência disso.
Torço pela tua amiga.