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Quando é que sabes que os teus filhos não são assim tão crescidos?

Quando, no dia do exame de Matemática A do 12°ano, o meu mais velho, ansioso com a prova, me diz que vai vestir a camisola da sorte... E sim, tambem eu pensei "mas ele tem uma camisola da sorte?"... (O exame não lhe correu propriamente bem. Conta ter entre 13,5 e 14,5/14,7, mas veremos.)

As mentiras que eles contam (e eu finjo acreditar)

" Mãe, aprendi a lição e não volto a beber álcool".
Estive em contacto, este fim de semana, com uma realidade diferente da minha. Lidei com miúdos de 17 e 18 anos, que deveriam estar no 12°ano, mas que estão no 9°ano,  incapazes de articular uma ideia ou uma frase sem nenhum palavrão e de uma forma gratuita, com discursos musculados ( "parto-os todos" ou "dou cabo dele"), perdendo a cabeça em segundos e recorrendo à violência, pois é a única forma que conhecem para resolver qualquer situação... São miúdos a quem a escola nada diz.  "Preciso da escola para quê? Não preciso da escola para nada, caralho. "  São miúdos, digo eu do alto da minha arrogância de quem vive numa bolha com mais sorte, sem grandes perspetivas de futuro. Ao lidar com eles, só me ocorriam três coisas. Primeiro, reconheci a  sorte que tenho por ter filhos como os meus, que longe de serem perfeitos, sabem estar. Tudo na vida é relativo...  De seguida, também reconheci a sorte que tenho em ser professora num contexto privilegiado, onde os ...

Ainda sobre "Pés de Barro"

Ando ainda fascinada com o livro "Pés de Barro" de Nuno Duarte. Já ouvi não sei quantos podcasts com o autor, já lhe enviei mensagem (e obtive resposta super simpática!) e já vi um documentário sobre a construção da ponte.   O autor, para além de escrever muito bem e de ter criado o excelente romance, é uma pessoa de bem, com os valores certos.  Estou mesmo fã. Já falei tanto dele, que tenho 5 colegas a ler o livro... Vale muito a pena. 

Livro 12 de 2025

 " Levarei o fogo comigo" de Leila Slimani Este é o terceiro livro sobre a saga familiar de Mathilde, a alsaciana que casa com um marroquino no 1° volume no "País dos Outros".  Neste, seguimos sobretudo a vida das netas, nascidas em Marrocos, mas educadas de acordo com os valores franceses, e da busca delas pela liberdade. Gostei muito da descrição de Marrocos, da cultura marroquina e das pessoas de lá.  (Lembrei-me dos meus vizinhos marroquinos, em França, do Kader e da Leila, e dos hábitos dele...) Querem saber quem são e de onde são. " Podemos ser ao mesmo tempo, daqui e de lá?"
Fui deixar o meu mais velho na escola para fazer o exame de Português do 12°ano.  Ele estava calmo e confiante. Apostou muito em Pessoa e disse-me no carro " A ter de analisar um poema, gostava que fosse Ricardo Reis ." Veremos. Estou aqui com um apertozinho no peito. 

Fim de ciclos

Acabam, hoje, as aulas do 12°ano do meu mais velho e as aulas do 9° do meu mais novo.  Ambos terão exames de Português e Matemática.  Os meus níveis de ansiedade vão duplicar, está visto. Não haverá chá de camomila suficiente para me acalmar... (E eu sobrevivi a mais um ano letivo.)
Ando a chorar por tudo e por nada...outra vez. É a saída do Pedro do CDG,  é a despedida dos alunos do 12°ano, inclusivamente do meu filho, ele é a despedida às minhas turmas, é ouvir a Inês do 9°D a fazer-me um discurso muito bonito, é ouvir o programa especial da Rádio Renascença sobre violência doméstica, é falar da minha tia, vitima de violência doméstica durante 18 anos, é ouvir uma música do Sérgio,  é contar à colega o episódio que me deu em que não sabia onde estava e que dia era (foi um grande susto..), é assistir a um recital de poesia sobre liberdade na minha escola, é ouvir uma aluna cantar Manuel Freire, é ouvir uma médica a falar de Gaza, é ler comentários racistas (e sei que "por cada grunho, um punho, em sentido contrário", como diz a Capicua, mas...) Ando sensível, mais nhonho que o habitual. Também ando muito cansada ou poderá ser um sinal da menopausa? 

Ainda sobre a marcha

Saí ontem com o pai cá de casa com a intenção de ir beber uma imperial ao arraial da Mouraria. Nada disso aconteceu. Não bebi cerveja, não jantei e só consegui comer uma torrada em casa à uma da manhã, bastante cansada. Querem saber? Acabei a noite a carregar arcos da Marcha em cima de uma carrinha da Junta, a descarregar os ditos arcos no Meo Arena, a assistir a Marcha no pavilhão, a carregar novamente os arcos na carrinha, mas já com a ajuda dos aguadeiros e finalmente a descarregar aquilo tudo na sede do clube. Que cansaço! Não perguntem como nem porquê... Houve um problema, o pai cá de casa teve de o resolver e eu achei que o devia ajudar. Estive por trás do palco, com não sei quantas marchas, num frenesim doido, cheio de cores e a carregar arcos!  Foi giro ver, mas meto-me em cada uma... Confirmo: as marchas são chatas, mas a minha marcha é linda. Estiveram muito bem, embora os marchantes estivessem super desmotivados depois da prestação deles. Como foi a primeira vez que vi a...
Hoje o meu mais novo teve o último jogo oficial com as cores do clube dele. Acabou o campeonato. No fim do jogo, vão sempre dar o grito final com a bancada. O  mister  resolveu dizer coisas bonitas e simpáticas, de certeza, mas eu não estava em condições de o ouvir por causa da comoção que tomou conta de mim. O Pedro chorava baba e ranho. Todo ele tremia. Como capitão, ele dá sempre o grito. Pensei que não o fosse fazer, por causa das lágrimas que lhe caíam copiosamente pela cara abaixo. Fê-lo, porque foi o seu último grito oficial. Capitão até ao fim.  Custou-me muito ver a tristeza do Pedro. O CDG é uma das suas paixões, mas é hora de partir... Veremos se consegue aguentar o ritmo da 1a divisão nacional. Quero acreditar que sim, mas não sei... (já me conhecem, sou mãe de baixas expetativas...) .  Custa-me também deixar aquele escalão. São pais com quem estou há 8 anos. Não são amigos, porque eu sou pouco de ter amigos, mas são pessoas que estimo, com quem já me div...

Rien de rien (um título que relembra a Piaf, mas que nada tem a ver com a Piaf)

 Abro esta página para escrever qualquer coisa e...nada. Um vazio.  Ocorre-me apenas que o nada não está somente aqui, no blog, e na minha cabeça. Está um pouco em todo o lado: na minha conta bancária quando o mês está a chegar ao fim, no olhar perdido de alguns alunos, nas respostas sistemáticas dos filhos quando lhes pergunto " Algo novo? Está a pensar em quê? Que cenas fixes fizeste hoje?" ou  "podes repetir o que disseste?" já num tom mais seco. Nesta última, o nada vem acompanhado de outro nada. Às vezes, anda a par, como se fosse um eco... Que estranho! E pronto, nada acrescento ao vosso dia com este post. Queria apenas partilhar convosco que entre o barulho louco do mundo, que engole quase tudo, e este nada que me assola, mon coeur balance.     A inconsistência continua a ser o meu nome do meio... Aqui e aqui .