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Do futsal

O meu mais novo joga hoje o último jogo do campeonato. A equipa já tem o segundo lugar garantido,  mas sonha com o primeiro e a consequente subida de divisão.  Serem campeões não depende exclusivamente deles. Têm de ganhar o jogo de hoje e a equipa que está em 1°lugar tem de perder ou empatar. Se os outros ganharem, ficaremos em segundo lugar a 1 ponto do primeiro. Houve muita matemática aqui por estes dias. E esperança.  Tanta! E discursos motivadores. E vontade que o pavilhão esteja cheio para os apoiar. (Eu própria,  pela primeira vez, partilhei uma cena do clube a convidar as pessoas a verem o jogo. ) Diz a equipa que a escola do bairro, onde grande parte estuda, vai lá estar em peso.  Veremos.  Vive-se uma euforia que me assusta porque eu sou sempre aquela que tem expetativas baixas para não sofrer muito. Guardo-as para mim, claro. Digo que acredito, mas sem acreditar plenamente. Queria antecipar a queda porque sei o que a derrota significa no Pedro, assim como o "morrer na p

Leitura 11/2024

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 "Tanta gente, Mariana" - Maria Judite de Carvalho Há anos que quero ler o livro. Fui sempre deixando para o fim da lista com receio de não gostar. Parvo, eu sei. Com Abril, e um cheiro a mofo a pairar na nossa sociedade, achei que devia ler uma mulher que escreveu sobre a condição feminina.  É uma coletânea excelente de contos sobre a solidão e o tédio.  São contos onde as mulheres, donas de casa, estão sós, isoladas, tristes. " Horas iguais, dias monótonos e longos, que se seguiam uns aos outros como contas de um rosário" São contos onde não há uma réstia de esperança. A solidão é palpável. Tudo é cinzento e melancólico. É essencial ler, sobretudo agora, quando há quem queira colocar a mulher a viver num lugar onde a vida não é plena... " Detesto as boas donas de casa. Se são pobres, esfalfam-se a trabalhar, se são remediadas ou ricas arranjam uma o mais pessoas para se esfalfarem em seu lugar. De qualquer dos modos são escravas do trabalho ou então da vigilâ

50 anos do 25 de abril

 De manhã,  comentavam que iriam também assistir às comemorações do centenário do 25 de abril, mas o pai cá de casa e eu, não. Fiquei estupefacta com o facto e quis partilhar aqui no blog. Em 2074, pode ser que alguém leia isto e que saiba que os 50 anos do 25 de abril foi uma festa linda (pá)!  Tanta gente, tanta gente, tanta gente que só quero acreditar que os meus filhos hão de celebrar na rua os 100 anos da democracia  com os filhos (e talvez netos) e que se lembrem deste dia e de nós, que colocamos a semente da Liberdade e da poesia na rua,  neles, desde sempre.  É o melhor dia do ano. O dia mais feliz. 

Leitura 10/2024

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 O Monte do Silêncio-  Francisco Camacho Li este post no blog "Horas Extraordinárias" de Maria do Rosário Pedrosa sobre o livro e fiquei curiosa.  (No link, poderão ler coisas bem escritas sobre o romance, se tiverem curiosidade.) Não sendo nada do outro mundo, e com muitos clichés sobre os ricos e poderosos, fui lendo.  3,5

O balanço de um post escrito em 2019

  Num post de dezembro de 2019, escrevi: "2019 foi um ano em que vivemos muito os 4 para os 4, numa espécie de bolha onde nos bastamos uns aos outros, Há quem diga que vamos estranhar quando eles não quiserem estar nessa bolha e que nos vamos sentir sozinhos, até porque estamos agora muito distanciados dos amigos e familiares. (...) Farei o balanço na devida altura."  Chegou o momento de fazer o balanço.  Eles saíram da bolha, não querendo estar connosco o tempo inteiro. Normal. Têm planos com os amigos  ou têm de estudar. Não estou a estranhar. Não tenho pena nenhuma*. A liberdade que eles sentem por voar sozinhos é também a nossa por (conseguirmos) voar (novamente) a dois. É como se já vemos a meta lá muito ao fundo. Ela ainda está longe, mas sabemos que a parte da subida mais inclinada já passou. Temos uma folga até à próxima subida, e esperamos que não seja tão esconsa. Até lá, respiramos bem. Vamos, o pai cá de casa e eu, a mais sítios, vemos mais coisas, fazemos mais co

Livro 10 - 2024

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  "Kim Jiyoung, nascida em 1982" de Cho Nam-Joo A Filipa, irmã da Mary QA, fez uma review no Goodreads, em 2021, sobre este livro. As palavras dela despertaram-me muita curiosidade e quis imediatamente lê-lo... Como não estava ainda traduzido em português, desliguei da ideia até que o encontrei em francês alguns anos depois.  O livro conta a história de uma mulher coreana - a personificação todas as mulheres da Correia do Sul -  e as dificuldades que encontra por ser mulher. É um relato cru das várias tempestades que sofre e das injúrias que tem de afrontar por ser mulher. Ao longo do seu crescimento, vai tomando consciência das situações injustas que todas sofrem, mas é uma mera constatação de factos ( e que inclui dados da OCDE para comprovar o que é dito). Gostei muito. A Filipa dizia que as situações vividas despertam "uma raiva miudinha cá dentro, mais intensa ainda porque não há expetativa de que os homens venham a compreendê-la" . Não teria dito melhor. 4,5

Leitura 9/2024

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 "Lições de Química " - Bonnie Garmus A primeira pessoa a falar-nos desse livro foi a sua tradutora, Elsa T.S. Vieira. Fomos (as amigas do círculo e eu) ler. Eu só cheguei a ele agora, com muitos meses de atraso.  Conta-nos a história de uma jovem química inteligentíssima que teve de desbravar caminhos para ser ouvida e respeitada no mundo das ciências, na década de 50/60 do século XX.  O minha pofunda admiração por todas as mulheres que abriram caminho, que lutaram por todas nós, que sentiram na pele a discriminação de género, que não foram levadas a sério e que foram relegadas para funções meramente reprodutoras. O livro mostra-nos todos os obstáculos que a personagem teve de ultrapassar por ser mulher e é impossível ficar indiferente. Neste sentido, o livro é bom.  Mas há coisas que não apreciei tanto, como a personagem principal, por exemplo. Não consegui gostar dela, nem da filha. O cão é uma personagem importante a partir de determinado momento, mas não achei lógico.  D
 Fomos ver o Sérgio Godinho ao Coliseu.  Foi a melhor noite de 2024. Será a melhor noite de 2024.  (E a certeza, ali, de estar no sítio certo, com a pessoa certa, no lado certo da coisa.)