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A mostrar mensagens de junho, 2025

As mentiras que eles contam (e eu finjo acreditar)

" Mãe, aprendi a lição e não volto a beber álcool".
Estive em contacto, este fim de semana, com uma realidade diferente da minha. Lidei com miúdos de 17 e 18 anos, que deveriam estar no 12°ano, mas que estão no 9°ano,  incapazes de articular uma ideia ou uma frase sem nenhum palavrão e de uma forma gratuita, com discursos musculados ( "parto-os todos" ou "dou cabo dele"), perdendo a cabeça em segundos e recorrendo à violência, pois é a única forma que conhecem para resolver qualquer situação... São miúdos a quem a escola nada diz.  "Preciso da escola para quê? Não preciso da escola para nada, caralho. "  São miúdos, digo eu do alto da minha arrogância de quem vive numa bolha com mais sorte, sem grandes perspetivas de futuro. Ao lidar com eles, só me ocorriam três coisas. Primeiro, reconheci a  sorte que tenho por ter filhos como os meus, que longe de serem perfeitos, sabem estar. Tudo na vida é relativo...  De seguida, também reconheci a sorte que tenho em ser professora num contexto privilegiado, onde os ...

Ainda sobre "Pés de Barro"

Ando ainda fascinada com o livro "Pés de Barro" de Nuno Duarte. Já ouvi não sei quantos podcasts com o autor, já lhe enviei mensagem (e obtive resposta super simpática!) e já vi um documentário sobre a construção da ponte.   O autor, para além de escrever muito bem e de ter criado o excelente romance, é uma pessoa de bem, com os valores certos.  Estou mesmo fã. Já falei tanto dele, que tenho 5 colegas a ler o livro... Vale muito a pena. 

Livro 12 de 2025

 " Levarei o fogo comigo" de Leila Slimani Este é o terceiro livro sobre a saga familiar de Mathilde, a alsaciana que casa com um marroquino no 1° volume no "País dos Outros".  Neste, seguimos sobretudo a vida das netas, nascidas em Marrocos, mas educadas de acordo com os valores franceses, e da busca delas pela liberdade. Gostei muito da descrição de Marrocos, da cultura marroquina e das pessoas de lá.  (Lembrei-me dos meus vizinhos marroquinos, em França, do Kader e da Leila, e dos hábitos dele...) Querem saber quem são e de onde são. " Podemos ser ao mesmo tempo, daqui e de lá?"
Fui deixar o meu mais velho na escola para fazer o exame de Português do 12°ano.  Ele estava calmo e confiante. Apostou muito em Pessoa e disse-me no carro " A ter de analisar um poema, gostava que fosse Ricardo Reis ." Veremos. Estou aqui com um apertozinho no peito. 

Fim de ciclos

Acabam, hoje, as aulas do 12°ano do meu mais velho e as aulas do 9° do meu mais novo.  Ambos terão exames de Português e Matemática.  Os meus níveis de ansiedade vão duplicar, está visto. Não haverá chá de camomila suficiente para me acalmar... (E eu sobrevivi a mais um ano letivo.)
Ando a chorar por tudo e por nada...outra vez. É a saída do Pedro do CDG,  é a despedida dos alunos do 12°ano, inclusivamente do meu filho, ele é a despedida às minhas turmas, é ouvir a Inês do 9°D a fazer-me um discurso muito bonito, é ouvir o programa especial da Rádio Renascença sobre violência doméstica, é falar da minha tia, vitima de violência doméstica durante 18 anos, é ouvir uma música do Sérgio,  é contar à colega o episódio que me deu em que não sabia onde estava e que dia era (foi um grande susto..), é assistir a um recital de poesia sobre liberdade na minha escola, é ouvir uma aluna cantar Manuel Freire, é ouvir uma médica a falar de Gaza, é ler comentários racistas (e sei que "por cada grunho, um punho, em sentido contrário", como diz a Capicua, mas...) Ando sensível, mais nhonho que o habitual. Também ando muito cansada ou poderá ser um sinal da menopausa?