Estive em contacto, este fim de semana, com uma realidade diferente da minha. Lidei com miúdos de 17 e 18 anos, que deveriam estar no 12°ano, mas que estão no 9°ano, incapazes de articular uma ideia ou uma frase sem nenhum palavrão e de uma forma gratuita, com discursos musculados ( "parto-os todos" ou "dou cabo dele"), perdendo a cabeça em segundos e recorrendo à violência, pois é a única forma que conhecem para resolver qualquer situação...
São miúdos a quem a escola nada diz.  "Preciso da escola para quê? Não preciso da escola para nada, caralho.
São miúdos, digo eu do alto da minha arrogância de quem vive numa bolha com mais sorte, sem grandes perspetivas de futuro.

Ao lidar com eles, só me ocorriam três coisas. Primeiro, reconheci a  sorte que tenho por ter filhos como os meus, que longe de serem perfeitos, sabem estar. Tudo na vida é relativo... 
De seguida, também reconheci a sorte que tenho em ser professora num contexto privilegiado, onde os alunos questionam,  trabalham muito e dão valor à educação.
Por último,  uma dúvida: o que faltou a estes miúdos? 

Comentários

Carolina disse…
Nos correios, uma senhora, não muito mais velha do que eu, pediu-me para lhe escrever a morada no envelope. Não sabia a sua própria morada completa e ditou-me a morada do destinatário incompleta, sem código postal e tendo começado por me dizer a cidade e o país (era um documento para o estrangeiro), depois o número e por fim o nome da rua, porque lhe perguntei. Quando lhe pedi o código postal, não fazia ideia do que isso era e respondeu-me "está bom assim". Espero que chegue ao destino...
Carolina disse…
Quando se acha que aquele conteúdo aborrecido no 5º ano de escrever uma carta, preencher o envelope ou escrever um email é coisa que tem pouca utilidade para a sociedade, bom... depende, dei-me conta.