Dia 6
Acordei às 7h00 no sofá. Adormeci ontem antes das 23h, claro. Dizem, mas eu não acredito, que sou super antipática quando me querem acordar para ir para cama. O Tiago disse que lhe dei uma estalada, o Pedro disse que sou má e o pai cá de casa revirou olhos dizendo "há anos que me deixei de te acordar!". Pelo vistos, ninguém me agarra quando estou numa espécie de transe.
Acordei com a boca seca. Nada a ver com o vinho de ontem, pensei, deve ser do AC. Acordei agarrada às cruzes, que custa dormir no sofá. Depois, agarrei-me aos (poucos) cabelos: "que horror: nem o telemóvel me carregaram, pá!". Por segundos, fiquei nervosa. O mundo a acontecer, mesmo confinados, e eu não o acompanho.
Quis agarrar-me aos ténis para ir correr mas o meu olhar cruzou-se com as 9 turmas para corrigir e agarrei-me estoicamente ao trabalho. Foi assim, certos e errados, até ao almoço.
À tarde, continuei a ver testes mas debaixo da mantinha e em frente da lareira: o sono agarrou-me e eu deixei-me ir. Adormeci com o pai cá de casa a tocar.
A atividade do advento de hoje ditou-nos "fazer um jantar de ensaio de Natal a 4". Teve direito a tudo: serviço fino, copos de cristais, entrada, prato e sobremesa, vinho bom e banda sonora a acompanhar a conversa. Fomos agarrados por uma espécie de melancolia, mas em bom: um jantar calmo, longo mas também silencioso porque nem sempre temos de falar. No fim do jantar, lembrei-me que estávamos confinados. Não o senti em nenhum momento. Estive sempre tão agarrada a isto e aquilo, que nem me lembrei.
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