"Vai fazer uma coisa útil para a sociedade!"

Na semana dos Santos Populares, o pai cá de casa estará no estrangeiro. Regressará no dia 13. 

Fiquei logo aborrecida (mas não tanto como ele...) porque não terei date nesses dias. Os filhos já avisaram, claro, que não irão nenhum dia comigo... E não vou ficar em casa na noite do dia 12...

Vai daí que pensei que podia ser útil. A Marcha do clube dos meus filhos descerá, como sempre, a avenida da Liberdade nessa noite e precisam de ajuda. 

(Nota: não acho piada nenhuma à marcha e até acho parolo, mas acho ainda menos piada a ficar em casa nesses dias. Há uns anos, precisavam de mulheres e convidaram-me. Declinei, dizendo que não achava piada à coisa e que nunca...blá blá blá).

Precisam de um aguadeiro, mas desisti dessa ideia. O aguadeiro não tem apenas de dar águas, mas segurar nos arcos em determinados momentos e isso obriga a que vá aos ensaios (diários das 19h às 22h) e a fazer o pavilhão também. Ui, que seca! Nem pensar!

Precisam de pessoas que saibam costurar para os arranjos finais e hipotéticos rasgões nos trajes.  Nem sei pregar um botão,  esquece essa ideia também. 

Então, um dos coordenadores veio dizer-me que podia ser a pessoa que acompanha a marcha do lado de fora do "palco", levando um carrinho de compras com ferramentas, caso seja necessário aparafusar cenas à última da hora e onde os marchantes guardam as suas mochilas. Acrescentou ainda "Anda, Tella, que vais sentir essa coisa de bairro e de comunidade e vais conhecer a noite de Santo António numa perspetiva diferente". Tenho até  dia 26 de maio para me decidir.

O Pedro,  jovem bairrista, a quem a coletividade e o clube do coração são coisas importantes e que já foi assistir aos ensaios, diz que devo ir. "Este ano é que é! Está mesmo fixe este ano" É tão estranho diferente este meu filho... 

(A propósito,  houve um dia em que foi à feira da ladra e comprou um LP de marchas porque a capa tinha a Marcha do clube. E sim, às vezes, ouve e diz que é fixe...🤷‍♀️)

Bom, desviei-me da coisa.

Querem ver que chego à avenida, com roupa apropriada  acompanho os marchantes a gritar "yé yé yé, a marcha é que é!". 

Ai Tella, nunca digas nunca!